Agenda Cultural

Tradições



Sete Passos
Procissão pagã que representa a encomendação das almas (cerimónia característica em diversas localidades transmontanas), de origem medieval e que sobreviveu até aos nossos dias, passando de geração em geração. É um ritual inédito praticando-se apenas em Freixo de Espada à Cinta nos moldes que se passam a descrever.
Realiza-se nas sete sextas-feiras que vão do Carnaval à Páscoa (Quaresma), a partir da meia noite com a total ausência de luz eléctrica nas ruas. A encenação tem início na Praça Jorge Álvares em frente á Igreja Matriz, e segue um percurso em jeito de procissão pelas ruas da vila. Inicialmente, dois homens irreconhecíveis porque encapuchados de negro, ao soar da meia noite lançam com força nas lajes da granito umas lares (diversos ferros unidos a uma corrente) arrastando-os em seguida a compasso certo sete vezes, provocando desta forma um barulho estridente e medonho.
De seguida um outro igualmente vestido de preto e também irreconhecível caminha muito lentamente vergado sobre si mesmo, é a chamada «Velhinha». Numa mão transporta uma lamparina acesa e na outra uma vara em que se apoia, trazendo também consigo uma bota de vinho que serve para dar de beber aos populares que se ajoelhem perante ele e solicitem respeitosamente o sangue de Cristo.
Por último em todos os cruzeiros da vila, um grupo de cantadores entoa cânticos em latim e português alusivos à morte de Cristo onde algumas vozes mais graves rasgam a noite e unidas à fria escuridão completam um cenário de cólera deveras bizarro e sombrio, característico dos ambientes medievais que provavelmente se viviam em Freixo de Espada à Cinta em tempos idos.

Rebentar do Judas
No Domingo de Páscoa, a meio do percurso da procissão que percorre as ruas da vila, um boneco de palha do tamanho de um homem, representando a figura de Judas vestido, encontra-se pendurado a uma árvore e com explosivos no seu interior. Quando a procissão passa por este local, o rastilho é aceso e o boneco explode desfazendo-se em mil pedaços para alegria da população que simbolicamente vê Cristo vingado.
Estas cerimónias não teriam grande efeito dramático se não fossem realizadas entre edifícios seculares e cheios de história e nas ruas típicas existentes na parte antiga da vila, com as suas reminiscências manuelinas.

Enterro do Entrudo

No Carnaval, é curioso o ritual pagão que se realiza há séculos. Trata-se do «Enterro do Entrudo» que encerra os festejos carnavalescos e um período de folia extravasando todas as tensões e energias, mas ao mesmo tempo prepara o espírito para o sossego da Quaresma que se aproxima.
Na noite de Terça feira de Carnaval, a rapaziada corre em cortejo as principais ruas da vila, levando numa padiola um defunto fictício e nas mãos os fachuqueiros ou “chafusqueiros” ( pedaços de palha de centeio atados para que não queimem depressa demais) a arder, que iluminam a noite fria. Transportam também chocalhos, latos velhos, penicos e ao percorrerem durante a noite as ruas fazem um funeral simbólico e num barulho ensurdecedor canta-se “ Ó meu Entrudo, Cabeça de Burro, Roubaste-me a Chicha e Deixaste-me os Ossos!!!”. Outros jovens transportam baldes de farinha que lançam aos curiosos que lhes aparecem ao caminho ou assomam às janelas.

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